PNL 2035 apresenta diversos cenários para a logística do país, considerando potenciais investimentos em ferrovias, hidrovias e navegação de cabotagem
O governo brasileiro preparou um documento para planejar como será a logística do Brasil no futuro. Conhecido como Plano Nacional de Logística 2035 ou PNL 2035, o documento apresenta cenários diversos para nortear o planejamento dos transportes e da logística do país para os próximos 13 anos. A ideia é que sirva de referência para priorizar ações e projetos de forma mais assertiva.
Para elaborar um planejamento futuro, havia a necessidade de estabelecer um cenário de base, que seria usado como comparativo. O PNL 2035 escolheu o ano de 2017 em razão da confiabilidade de seus dados: a pesquisa cita a crise econômica em 2015 e 2016, e a greve dos caminhoneiros de 2018. “O ano de 2019, por sua vez, ainda não apresentava seus dados consolidados”, afirma o documento.
A partir dessa base, o documento procura desenhar cenários, apresentando diferentes perspectivas a respeito do uso dos principais modais de transporte no futuro. Para isso, o PNL 2035 considera os materiais transportados por sua característica e peso – e como eles se distribuem entre os modais. Dessa forma, é possível estimar o impacto dos investimentos para diferentes setores.
A situação do Brasil em 2017 se dividia da seguinte forma em relação à Tonelada por Quilômetro Útil (TKU): 66,2% dos transportes eram feitos via rodovias, 17,7% por ferrovias, 9,2% por cabotagem costeira, 5,6% por hidrovias, 1,2% por dutos e 0,06% por aviões. Novos investimentos podem modificar as oportunidades para as empresas, permitindo a criação de novos processos logísticos.
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Cenários sobre os modais de transporte no futuro
O documento desenha várias possibilidades sobre os principais modais de transporte no futuro. No total, são 9, cada um deles com diferentes características, apresentando contrastes desses diferentes cenários e estabelecendo um ponto de partida para o transporte de cargas e de pessoas em 2017 com projeções para 2035:
– Cenário 1 – Empreendimentos em andamento – Considera a manutenção e a finalização dos empreendimentos de infraestrutura em execução e com orçamento previsto no Plano Plurianual (PPA) 2019-2023, a implementação dos empreendimentos de parcerias qualificados no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), até maio de 2021.
– Cenário 2 – Empreendimentos previstos (referencial) – Trata-se do mesmo desenho do cenário 1, mas com a inclusão da carteira de empreendimentos de curto prazo consolidada do Ministério da Infraestrutura.
– Cenário 3 – Empreendimentos previstos (transformador) – Mesma estrutura e parâmetros do cenário 2, mas com reconfiguração de parâmetros econômicos em uma proposta mais transformadora.
– Cenário 4 – Empreendimentos previstos e BR do Mar – Utiliza-se a mesma perspectiva do cenário 2, mas com a inclusão do impacto da BR do Mar.
– Cenário 5 – Empreendimentos previstos e inovações tecnológicas – Em nenhum dos cenários anteriores, considera-se as inovações tecnológicas. Nesse caso, elas são atreladas às perspectivas, sem alterações regulatórias.
– Cenário 6 – Empreendimentos propostos pela sociedade e mercados – Segue os mesmos padrões do cenário 2, com algumas inclusões: as parcerias e investimentos consolidados pelos Governos Estaduais, as infraestruturas previstas no Plano Hidroviário Estratégico (PHE), e no Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), e as contribuições advindas da consulta pública do PNL 2035.
– Cenário 7 – Empreendimentos previstos e autorizações ferroviárias – Mesmo desenho do cenário 2, mas com mais investimentos no segmento ferroviário, com a avaliação de impacto de trechos ferroviários específicos que podem ser viabilizados a partir de um novo marco legal para autorização de ferrovias.
– Cenário 8 – União dos cenários 1 a 7 – Considera todos os critérios e melhorias previstas em todos os cenários anteriores.
– Cenário 9 – Baseado nos cenários anteriores, identifica o conjunto de empreendimentos e ações que configurariam uma situação com desembolso módico e impactos estratégicos mais significativos para os objetivos do governo.
– Cenário Contrafactual – É uma referência em caso de falta de ação: considera a mesma rede de oferta de transportes do ano de 2020, com demandas para o ano de 2035.
Os impactos para o futuro
Esses cenários foram observados de maneira objetiva. Quando se observa as possibilidades neste exercício, há uma clara percepção de como os investimentos podem modificar os principais modais de transporte no futuro. Dependendo da escolha ou da possibilidade de aportes de recursos, é possível estimular modais e favorecer uma logística integrada.
Não é segredo, porém, que o governo busca uma infraestrutura sustentável, o que, necessariamente, significa reduzir a dependência do modal rodoviário, especialmente no transporte de itens de alta capacidade. Há interesse em investir no modal ferroviário e na cabotagem, que, atualmente, custa 60% menos do que o transporte em rodovias e 40% menos do que os trens.
“A elaboração de cenários tem por objetivo, em termos de Planejamento Estratégico de transportes, auxiliar os agentes públicos a tomar decisões que impactam consideravelmente a sustentabilidade e a eficiência do sistema planejado em horizontes de tempo futuros”, diz o documento, reforçando que isso vai orientar os investimentos e as estratégias governamentais.
Os potenciais investimentos em ferrovias, hidrovias e outros modais permitem que o país consiga competir em nível internacional, diminui os custos logísticos, impacta positivamente a economia e aumenta as possibilidades de transporte para as empresas. Quanto maior o volume de opções, melhor para os negócios e para as pessoas.